11.4.02

Vamos por hora relatar histórias nesta famigerada página pró-pinguço, começando por um conto bagaço ocorrido nos primórdios desta infame seita, cujo qual intitularemos
Os Guerrilheiros da Cachaça
Certa feita uma tropa de vadios se reuniu para uma empreitada, rumo ao morro do Operário, para lá participar de uma celebração de uma tchanguita que havia se enrabichado com um tibúrcio amigo nosso, conhecido na época, pelos mais chegados, como Pelogay, devido em parte por sua origem natalícia e em parte por sua predileção por “bermudinhas jeans enterradinhas”, mas isso não vem ao caso, cada um usa o que gosta e faz o que quer. Mas continuando a saga, a dita casta se reuniu, em torno de uns 9 ou 10 rapazotes, que se encontraram na residência de um dito cujo, onde mais tarde se tornaria a sede primeira desta associação, para rumarem ao destino traçado, mas como todos sabiam que a viagem era longa, se precaviram. Uns dos participantes, que de muito não se teve mais notícia, era residente de uma cidade próxima e trouxe consigo um garrafão de vinho para ir bebericando pelo caminho. Passou pela casa deste que vos relata o fato e rumaram juntos rumo ao ponto de encontro da tropa. Lá, para surpresa, encontraram seus comparsas entretidos com uma garrafa de zoiúda, magistralmente misturada com Coca-Cola. Estavam todas os porcarias reunidos, apreensivos, enchendo os tubos daquele maravilhoso produto, e garrafão de vinho solito num canto só olhando para aqueles vadios com um ar pidão (me bebam... me bebam...) e prenunciando que a sua vingança estava próxima. Como era de praxe, enquanto bebiam escutavam uma pedreirinha, e naquele dia surgiu numa fitinha de uma banda uma canção que tocou fundo nos corações dos que ali estavam presentes, canção esta que se tornou um hino de uma geração... Então eles partiram, não conseguirei recordar quem fazia parte da horda, mas com certeza estavam presentes Dante, Cássio, Ganso (desaparecido), Cesar, Alex, Parahim, Tavares e André (desaparecido). Com uma garrafa cheia até o gargalo de samba, e com o garrafão de vinho de sobreaviso, saíram pelas ruas bebendo e gritando, e cantando uma canção, que por si só traduzia o momento, “...minha mãe mandou comprar um quilinho de feijão, mas meu pai me disse assim, não esquece a cachaça não, a cachaça não...”. Rumaram por ruas escuras de um bairro tido na época como não muito amistoso e chegando no recinto, sem mais vinho, sem mais samba, adentraram na residência e foram direto ao freezer saciar a sede, não me lembro de alguém ter dado presente ou sequer parabéns, lembro apenas que em cerca de meia hora não havia mais cerveja, nem mais comida. Então o nobre colega André teve a idéia mágica de comprar mais vinho, e adquirimos 3 garrafões de vinho. A bagunça prosseguia cheia de cateretê, nosso colega Pelogay dando um “presente” para a aniversariante, e o resto da cambada entretido com as demais participantes da bazófia, já de donos do campinho, com uma pedreira rolando e as cabeleiras ao vento, arrumaram um tumulto básico, distribuindo uns bicudos e umas cabeçadas nuns bunda-moles que se insuflaram, pondo termo a festinha, pouco menos de uma hora depois que a corja se instalou. Acabou a diversão? Que nada, a tropa seguiu firme, pois haviam ainda alguns garrafões a serem abatidos, e os foram. Com a ajuda de uns incautos remanescentes da pândega adquirimos mais alguns garrafões, e os abatemos também. Não consigo me recordar de detalhes, apenas do saldo final desta porfía, combalidos os guerrilheiros, pela força voraz de um vinho vingativo, estavam todos atirados nas calçadas, alguns babavam, outros vomitavam, gritavam na luz do dia palavras de ordem (Buceta! Cachaça! Putos!), um a um podíamos ver, em minha memoria ficou registrado algumas imagens, me lembro que dois (que eram primos por sinal) estavam dormindo em frente a casa de uma senhora idoso, sobre uma pilha de Brasilit, roncando e babando, outro (que depois virou hippie) se encontrava desmaiado em frente a casa da aniversariante, e o resto atirado pelo chão... assim contou o parceiro que se absteve desta batalha para se deliciar com o “bolo” da aniversariante e que se encontrava na frente da casa, a gargalhar. A tropa de pouco em pouco, ao clarear do dia, foi rumando campo afora, e na medida que ia me ausentando observava pelo caminho corpos combalidos, colegas vomitando, janelas se abrindo e velhos resmungando, com um olhar de espanto e reprovação. Na companhia de Dante e Tavares, seguimos embora sem sabermos o caminho de volta, mas conscientes de que nosso destino era lutar em prol da cachaça, porque o vinho era traiçoeiro e queria nos derrubar, já a cachaça... ah, a cachaça!
Este foi o momento histórico, dentre outros muitos que o sucederam e de alguns poucos que o antecederam, que marcou, ao menos para mim, a fundação de uma associação, a Concentration Alcoólic Club. Não foi o primeiro encontro, mas foi o estabeleceu a concentração que antecedia as festas, a reunião em volta de um copo de samba, a pedreira como música de fundo... Os gerrilheiros da cachaça seguem em frente com novos soldados, com novos conceitos, com novos valores, mas sem esquecer de sua história! Recordar é viver, e mais fatos serão narrados, com novos heróis, com novos vilões, com novos trapalhões! Viva Zapata! Viva Che! Viva Comandante Marcos! Morte aos incrédulos e aos homens de pouco “mé”! Viva Garrincha! Viva Mussum! Viva a Zoiúda! Vida longa para a Guerrilha da Cachaça!!!! Bebei-vos e multiplicai-vos!!! “Garçom mais uma ceva bem gelada aqui na mesa, que bom! Que bom!” Deu! Chega! Vamos bater o martelo! Só mais dois dedinhos, tchau!

Num futuro próximo virão mais contos, como o o mal dos girassóis, a vingança do pé de soja, o vôo da morte...

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