O Trapalhão do Texas
por Mário Andrada e Silva - DiretodaRedacao.com.brA cada civil, israelense ou palestino, que morre no eterno conflito do oriente médio me vem à cabeça o erro colossal que os americanos cometeram em sua última eleição presidencial. Vira o estômago. Um presidente democrata, mesmo o pobre Al Gore, teria salvado inúmeras vidas e pelos menos duas torres em Manhattan.
A incompetência do presidente George W. Bush para questões de política externa tende ao infinito. Nem o egocentrismo texano clássico explica. Nada a justifica.
Pouco antes da eleição controversa dos EUA fui ao programa ?N de Notícia?, da Globonews, especular sobre o resultado das urnas com colegas de visão política muito mais destra do que a minha. A pergunta final do programa aos debatedores de plantão era sobre qual governo, democrata ou republicano, seria mais benéfico ao Brasil. Votei democrata. Fui voto vencido. Meus colegas de programa defendiam a tese de que um governo republicano, favorável em tese ao livre comércio e ao império das leis de mercado, seria mais útil a nós. Estabeleceria condições mais justas no comércio internacional.
Só depois que o governo Bush emplacou unilateralmente uma sobretaxa de 30% para o aço importado, medida que atinge o coração da siderurgia nacional, os liberais de antes devem ter percebido que escolheram a catástrofe errada. Bush preferiu privilegiar a ineficiência da indústria americana à respeitar os dogmas do livre comércio. Com ele os industriais americanos, que pediram 40% de sobretaxa achando que levariam 20%, perceberam que vale mais investir no Lobby de Washington do que na modernização de seu parque industrial.
No governo democrata de Clinton, os EUA protagonizaram ações decisivas e pacificadoras em dois dos grandes conflitos eternos do mundo: o das Irlandas e o do Oriente Médio. Em ambos os casos as sementes da paz germinaram. No Oriente Médio faltou regar a plantinha. No caso da Irlanda, a Paz já é quase uma árvore.
No governo Bush o terrorismo matou mais americanos do que nunca. Os americanos mataram mais afegãos do que seria necessário. E enquanto isso: israelenses e palestinos se matam como se estivessem buscando saber de que lado será o último sobrevivente.
E se pudesse, Bush adoraria matar alguns iranianos e muitos iraquianos, quem sabe até um par de cubanos ou líbios.
Um amigo alemão me dizia que as eleições americanas são tão importantes para o planeta que justo seria se todos pudéssemos votar nelas. Os americanos, que sequer comparecem em maioria às urnas, não entendem a responsabilidade inerente aos eleitores da maior potência militar e econômica da história. Votam para presidente como se estivessem votando para a escolha do prefeito de Paris, Texas.
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