28.12.04

A seguir, colocarei em capítulos, a reportagem deste mês de dezembro da revista Superinteressante, que é muito pertinente além de interessante (dãããã). A reportagem trata da cervejinha nossa de cada dia. Portanto, sem mais delongas lá vai:

A Bebida Revolucionária (Parte I)



bebum




























Pesquisadores acreditam que a civilização surgiu só depois da descoberta da cerveja. Entenda como ela acompanhou a evolução da história e se tornou a mais democrática da bebidas.

Você já imaginou um mundo sem cerveja? Não seriam só suas happy hours que estariam comprometidas. Vário cientistas acreditam que a civilização poderia simplesmente não existir se o homem não tivesse inventado o pão... e a cerveja. Foi a descoberta da fermentação dos cereais- processo básico da fabricação desses dois alimentos- que incentivou o homem a abandonar a vida nômade de caçador e coletor e se reunir em comunidades agrícolas. Pela primeira vez, era possível comer e beber com prazer, já que o processo de fermentação era capaz de mascarar alguns sabores desagradáveis. Há 12 mil anos, isso foi um avanço e tanto. As evidências arqueológicas mais antigas da bebida são de 6 mil anos antes de Cristo e foram encontradas na Mesopotâmia (região onde hoje é o Iraque). Mas é possível que a primeira loirinha tenha sido fabricada bem antes disso, por algum povo antigo da Ásia. Rica em carboidratos e proteínas, ela foi um complemento alimentar importante e uma ótima substituta para a água, cuja pureza não era lá essas coisas naquela época. Grossas e corpulentas, as cervejas pioneiras não se pareciam em nada com o chope que você bebe hoje. Já as razões pelas quais uma mesa de bar parece irresistível numa sexta-feira depois do expediente não mudaram tanto assim.

Primeiros Goles

Afinal, quem veio primeiro: o pão ou a cerveja? Intrigado com a questão, o químico inglês Ian Hornsey, da Sociedade Real de Química, leu, pesquisou e ouviu historiadores, antropólogos, arqueólogos, químicos e cientistas em geral e escrveu A History of beer and Brewing (Uma história da cerveja e da Fermentação), um calhamaço de 700 páginas que investiga a fabricação da bebida desde os primórdios. Não há consenso sobre as verdadeiras origens da bira, mas Hornsey constatou a existência de um raciocínio comum entre os estudiosos: a cerveja não foi inventada pelo homem, mas descoberta por acaso.
Tudo teria começado com alguns grãos de cevada expostos à umidade, que fermentaram naturalmente em contato com o ar. Algum homem encontrou esse líquido e, bravamente, resolveu prová-lo. Claro que ele gostou daquela poção primitiva e se encarregou de recriar o processo. Pronto. A humanidade estava apresentada à bebida mais democrática dos últimos 8 mil anos. Esse feliz acidente etílico teria acontecido com um habitante do oriente médio, não por acaso o berço da nossa civilização.
As pesquisas de Hornsey mostraram que a tecnologia de fabricação da cerveja teria explodido no antigo Egito, já na Pré-dinastia, entre 5500 e 3100 A.C., mas mesmo sobre esse fato há um bocado de controvérsia. As teorias desencontradas têm uma explicação: é muito provável que a loirinha não tenha sido uma invenção isolada. Alguns arqueólogos conseguiram provar que ela surgiu espontaneamente por todo o planeta, inclusive em civilizações ocidentais que viveram isoladas até o século 15.

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